Sonolência e Direção – uma dupla fatal! O sono é um problema mais sério que o álcool, diz especialista.


Sonolência e Direção – uma dupla fatal! O sono é um problema mais sério que o álcool, diz especialista.

Segundo um estudo nacional, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, a sonolência excessiva acomete entre 2 e 5% da população, gerando prejuízo nos estudos, trabalho, relações familiares e sociais, alterações neuropsicológicas e cognitivas, além de risco aumentado de acidentes.
Estimativas internacionais apontam que entre 17 e 19% dos acidentes de trânsito estão relacionados à sonolência excessiva e entre 7 e 9% de todas as mortes foram atribuídas a essa condição. O professor de Biologia do Sono Marco Túlio de Mello, da Universidade Federal de Minas Gerais, desde 1995 realiza pesquisas relacionadas ao tema. “No Brasil, não temos dados estatísticos que mostrem o número de acidentes provocados por motoristas que dormem na direção. O que mais preocupa é o quanto as pessoas não percebem a gravidade de ignorar o sono, seja ao dirigir ou no trabalho, principalmente noturno ou em qualquer outra atividade”.
De acordo com Mello, aplicando a média mundial, aproximadamente 50 mil pessoas morrem por ano devido ao sono na direção, no país. “É um número alarmante! As pessoas devem ser orientadas a não dirigirem mais que três horas seguidas, é preciso fazer pausas. Apesar de a legislação brasileira hoje permitir, o recomendado é nunca dirigir mais de 8 ou 9 horas por dia. Além disso, ficar cerca de 19 horas acordado compromete a condição motora, atenção, concentração e processo de decisão”, salienta. Um dos estudos do qual o especialista participou, apresenta que 16% dos condutores de ônibus interestaduais assumem que já dormiram ao volante, isso revela uma média de oito cochilos por viagem, sendo que 38% desses motoristas foram diagnosticados com apneia obstrutiva do sono.

Sinais de Sono:

O corpo sinaliza a chegada do sono, no entanto, muitas vezes os indícios não são levados em consideração. Negar o cansaço é o primeiro deles. Por isso, a conscientização é o primeiro passo para minimizar os riscos. A dificuldade em se manter alerta, os bocejos seguidos, a sensação de olhos com areia e pesados e piscar com frequência são outros sintomas da sonolência. Alguns estudos relatam que os horários também podem tornar o risco de acidente maior.
“Os períodos em que a sonolência é mais acentuada são aqueles que coincidem com o declínio da temperatura corporal, ou seja, entre 12h30 até 15h e de 3h30 da manhã até 6h, sendo que este último intervalo é o mais crítico, devido à liberação da melatonina”, explica o professor da UFMG. As principais causas de sonolência excessiva são a privação crônica de sono devido à jornada de trabalho com mais de nove horas com pouco tempo de descanso e alguns distúrbios do sono, como a Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), a narcolepsia, a Síndrome das Pernas Inquietas, o Distúrbio do Ritmo Circadiano, além do uso de drogas e medicações.
“Mais de 30% das renovações das CNHs – Carteira Nacional de Habilitação, categorias C, D e E deixaram de ser renovadas por causa do teste toxicológico co que está sendo realizado agora”, diz Mello. Para Marco Túlio, álcool e sono são duas condições perigosas para a direção, mas o sono tem um agravante. “A questão de dirigir após ingerir bebida alcoólica tem grande repercussão na mídia, é um problema de larga amplitude, só que é de conhecimento da população e há como inibir e fiscalizar. Já o sono, não. Estar com sono ou cansado é subjetivo. A sonolência é algo sério e é fundamental que as pessoas que têm dificuldade em ter um sono reparador procurem um médico especialista em sono para que a patologia seja tratada e o indivíduo bem orientado”, conclui
Fonte: Revista da Associação Brasileira de Sono – Edição 9, Março 2017.



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